Thursday, November 22, 2012

CISCOS - Pedro Lucena

Pedro Lucena é um monstro, das mãos dele só brota delicadeza e significado.  Cada risco, cada traço, é feito de maneira inevitável e obstinada, dias, meses, madrugadas.
Conheci Pedro em 2009,  nos apaixonamos, e vivemos uma longa temporada de reconhecimento, de troca de ideias infinitas noite adentro, de batidas africanas e total entendimento. Eu tinha encontrado mais um irmão, em Alagoas. 
Naquele tempo, eu me dei conta que estava presenciando a transformação-nascimento de um artista.  Como sempre costuma acontecer, ele estava no seu próprio turbilhão e não sabia dizer, mas eu não me poupei de avisá-lo mais de uma vez.  
Pedro já tem uma trajetória com prêmios e reconhecimento, incluindo uma individual na cidade do Porto, onde apresentou parte do trabalho que será exposto hoje.  O ritmo de trabalho é cada vez mais intenso, a demanda vai aos poucos tornando-se densa e gigantesca.  Algo lindo de se ver.

Mais bonito ainda é poder dizer, que "Ciscos", o trabalho que Pedro abre hoje na Pinacoteca Universitária de Maceió, foi inspirado no querido poeta Manoel de Barros, quem define o verbete 'cisco', em seu livro Arranjos para Assobio, da seguinte forma:

Cisco, s.m.
Pessoa esbarrada em raiz de parede
Qualquer indivíduo adequado a lata
Quem ouve zoadas em brenha. 
Chama-se de O CISCO DE DEUS a São Francisco de Assis
Diz-se também de homem na sarjeta


"A palavra cisco, por definição, remete ao micro, à poeira ou à farpa que entra no olho ou na pele e faz doer. Mas Cisco também é o pedaço de árvore catado na mata e transformado pelos artesãos da Ilha do Ferro. Nesses pedaços eles moldam seus universos pessoais, suas impressões do mundo, suas incertezas e mais fortes verdades. O cisco é o resto reaproveitado, é a matéria morta que retorna à vida, é o pedaço desprendido de um todo. Vem significar algo diferente que só tem sentindo através do olho humano que enxerga muito mais que um simples tronco, um mero galho ou uma raiz desprendida que já não mais liga nada a coisa alguma.
A produção dos desenhos inspirados no contexto da poesia e da arte escultórica, voltada para a 'humanização da natureza', contribui para uma vertente das artes visuais. Vertente que busca na cor local brasileira representações simbólicas para a ideia de que o indivíduo e a natureza são elementos integrados, e não partes separadas do universo." *

Aqui, alguns detalhes das obras que serão expostas a partir de hoje na Pinacoteca de Maceió, e que já tem mais da metade vendida (sendo eu, uma das felizes compradoras)   




Olha só a obra que eu comprei:

Estou com o catálogo de obras.  Se alguém se interessar, entre em contato comigo, pois os preços do artista ainda estão na faixa dos mortais.  Muito em breve não será tão fácil ter um Lucena em casa.  
Quem quiser conhecer melhor todo o trabalho e trajetória de Pedro Lucena, entre em http://cargocollective.com/pedrolucena

(Pedrão, eu te amo, viu?)

*trecho extraído do release do artista

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